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Transcrevemos o histórico chilique de Collor contra Sônia Bridi

  • Foto do escritor: Caio Bellandi
    Caio Bellandi
  • há 14 horas
  • 8 min de leitura
'É uma fantasia, um devaneio, um sonho de uma noite de verão';
'Isso é uma mentira, uma pantomima, uma patuscada';
'É uma mentira da Receita Federal! É uma mentira da Receita Federal! Mentira da Receita Federal! Três vezes dizendo que é mentira'.

Você já deve ter ouvido essas frases de qualquer dos painelistas em alguns episódios do podcast LADO B DO RIO. E talvez tenha ficado sem entender a referência.


Então, aproveitamos a prisão do ex-presidente da República, Fernando Collor de Melo, neste dia 25 de abril, e te explicaremos: no dia 18 de março de 1997, o Jornal Nacional, da Rede Globo, veiculou uma entrevista da repórter Sônia Bridi Collor. O sempre performático ex-presidente mostra caras, bocas e um vocabulário um tanto quanto peculiar para negar algumas acusações. Isso tudo em Miami, em um cenário emoldurado por um quadro de Romero Britto!

Collor, olhos esbugalhados, olha pra Sonia Bridi. Ao fundo, um quadro de Romero Britto
O mais famosos dos surtos de Collor: ex-presidente foi, enfim, preso por corrupção em abril de 2025

A transcrição foi o maior fenômeno de audiência no site antigo do LADO B. As pessoas procuravam o vídeo ou o significado das palavras de Collor no Google e, pimba!, chegavam em nosso site.

Então, a republicação desse texto, agora neste no blog deste novo site, também visa surfar essa onda, às custas de um dos piores homens públicos que o Brasil teve o desprazer de conhecer e como forma de comemorar a justiça, ao menos parcial, sendo feita.


Sugerimos ver o vídeo lendo o texto: fica ainda melhor!


Lillian Witte Fibe faz a chamada para a entrevista e a magia acontece:

Sônia Bridi: O senhor está sendo julgado pela Receita Federal por sonegação fiscal…

Fernando Collor de Melo: Não, não estou sendo julgado pela Receita Federal. Isso é outra mentira. Não estou sendo julgado coisa nenhuma. E não existe processo legal formado.

Isso é uma mentira, uma pantomima, uma patuscada, dessas autoridades que estão tentando, de alguma maneira, me vincular a atitudes de terceiros. E eu repudio e repilo isso, com toda a veemência da minha força interior e do meu coração.

Isso é um absurdo que está sendo feito hoje no Brasil. Isso é incompreensível dentro do sistema democrático. Isso é absolutamente abominável, que um estado patrocine tal tipo de campanha política, brutal, venal, criminosa, contra alguém que já foi fiscalizado, investigado como ninguém nesse país. E eu quero repelir mais uma vez isto. E eu não admito qualquer insinuação incluindo meu nome em qualquer atitude ou atividade de terceiros, sobretudo porque é dito e sabido que eu não tenho nada a ver com isso


Segundo a Receita Federal, o senhor foi convidado a prestar esclarecimento sobre a Operação Uruguai, não respondeu e seria julgado à revelia…

É uma mentira da Receita Federal! É uma mentira da Receita Federal! Mentira da Receita Federal! Três vezes dizendo que é mentira.

Em nenhum momento deixei de comparecer, com meus advogados, a qualquer determinação ou qualquer inquirição da Receita Federal ou de qualquer outra instância de poder.


Agora, com relação a essas últimas denúncias: a Receita Federal e a Polícia Federal dizem que vão voltar a investigar o senhor…com relação a essas…

Não dizem coisa nenhuma.

Ainda hoje, o ministro da Justiça, uma voz sensata que, afinal, aparece nesta seara de…de…de podridão em que se transformou esse governo no sentido da perseguição política a um cidadão.

O ministro da Justiça, numa voz sensata, determinou e disse que nenhuma autoridade vinculada a seu ministério poderia especular ou muito menos citar o ex-presidente Collor em relação a qualquer das denúncias - denúncias, não, especulações - que estavam sendo feitas via.., pela imprensa, e por algumas outras subalternas figuras das estrutura do poder em Brasília. É uma voz sensata que aparece. Porque não se pode fazer uma especulação em torno da dignidade e da honra de quem quer que seja, seja essa pessoa quem for. Isso é um absurdo que está sendo feito.


Como é que o senhor vê o fato de a Polícia Federal decidido, hoje, reabrir o inquérito sobre a morte de Paulo César Farias?

A Polícia Federal reabre o inquérito em relação o que ela quiser. Eu não tenho nada a ver com isso.


O senhor tinha conhecimento de que o seu tesoureiro de campanha tinha contato com a… máfia italiana…

Não tinha nenhum tipo de conhecimento. Isso aí, é preciso também que se veja: a máfia italiana. Ele está morto. Ele está morto e sepultado.

E essa vinculação que querem fazer em relação a ele, de máfia italiana, é outra fantasia, é um devaneio, é um sonho de uma noite de verão!

Porque todos sabem também como isso se deu. A imprensa publica, mas em outros…nos escossos (sic) das páginas policiais, e não coloca isso onde devia ser colocado. Esse, esse suposto…é… vinculação dele com a questão do que dizem ser a máfia, foi no período específico de 93 a…de 93…é...durante o ano de 93, quando ele se evadiu do país e que teve que utilizar um tal de um doleiro, que dito isso, já investigado e já dito, já colocado isso claramente, mas infelizmente não divulgado para a ciência de todos. E que esse doleiro estaria usando e utilizou também dinheiro de outros que estariam vinculados a uma suposta máfia. Isso é um absurdo que estão querendo fazer. Vinculação com qualquer coisa de narcotráfico, qualquer tipo de máfia. É um absurdo que eu também tenho que repelir. Não sou advogado dele, não tenho mandato da…da família dele, nem muito menos de seus familiares, mas tenho que me insurgir contra mais esta injustiça que está surgindo.


É, eu vou citar alguns nomes que foram citados nessas investigações relativas à máfia italiana. Gostaria que o senhor me dissesse se conhece essas pessoas: Osvaldo La Salvia...

Não conheço!


...Luis Filipe Ricca...

Não conheço. Não conheço nenhum deles.


...Um italiano chamado Ângelo Zanetti...

Mas não precisa, você pode relacionar aí os 200 ou o que vocês quiserem. Não conheço. Não conheço, nunca tive com nenhum deles, nem sei da existência deles. Quer dizer, aí…por que perguntar a mim se eu conheço esses camaradas? Por quê? Por que eu teria que conhecê-lo? Por que eu teria que ter alguma vinculação com qualquer tipo de máfia? Eu sou um ex-presidente da República!!! [soco na mesa] Eu fui julgado como nenhum homem já foi julgado neste país. E inocentado pela mais alta corte de justiça do meu país.

O que eu posso exigir agora é um certo respeito pelo menos ao meu padecimento e ao meu sofrimento. Não conheço nenhuma dessas figuras. E não tenho nenhuma relação a ver com máfia de qualquer tipo que seja, nem máfia de autoridades nem muito menos máfias que tem sotaque.

O senhor disse numa nota oficial que é candidato em 98?

Nota oficial?


Numa nota sua…

Você me faz perguntas inteiramente desinformada, minha filha. Filhotinha, você está desinformada. Eu nunca disse que sou candidato em 98. O que eu disse é que serei novamente candidato, quando a oportunidade aparecer, eu novamente colocarei meu nome à disposição da opinião pública e da população do meu país para ser julgado pela voz das urnas. Foi isso que eu falei, minha filha…


Você não estabeleceu data...

Não foi de 98 ou 2002.


A partir de que momento o senhor considera que suas relações com seu tesoureiro de campanha, PC Farias, se encerreram?

E é preciso se estabelecer muito bem isso. Se fala que tesoureiro de campanha em 1993. Em 1993 não havia campanha. Em 1993 não havia tesoureiro. Em 1993 eu nem na presidência estava. Não aceito esse tipo de vinculação!!! [soco na mesa]. Não aceito esse tipo de ilação. Repudio esta pergunta. Até porque as relações minhas com o senhor Paulo César Farias estão nos autos.

Busque os autos. Procure nos autos e vá ver lá o que está escrito e colocado.

Após tomar posse na presidência da República, o senhor manteve algum tipo de relação com o senhor PC, Paulo César Farias?

Mas minha filha, você está perguntando coisas que já foram respondida 10, 15, 20 vezes. Estão lá. Está lá no processo, todas as vezes que eu estivesse com o senhor Paulo César Farias antes e durante a campanha eleitoral. Procure no processo. Tenha um pouco de trabalho, vá buscar e responda sua curiosidade.


E depois da campanha eleitoral?

Responda sua curiosidade: busque no processo. Estão lá todas as vezes que eu estive com ele.


Os processos dizem que o senhor…um carro Fiat Elba, que pertence ao senhor, e que a reforma dos jardins da sua residência oficial da casa da Dinda…foram pagos…

Minha filha, você está ressuscitando coisas que já foram…minha filha, isso é um absurdo esse tipo de pergunta. Isso tudo já foi julgado. Dois anos, isso tudo foi investigado. Pelo amor de Deus.

Quer dizer, será que todos aqueles que estão nos ouvindo neste momento, já não estão cansados de ouvir este tema e de saber que isso já foi pisado e repisado e explicado, e esclarecido, e que levou à Suprema Corte do país, depois de tudo que foi levado, à minha absolvição em relação a essas acusações?

O que você está querendo fazer? Exumar? Exumação? Eu não aceito!

Eu tô fazendo perguntas com relações a questões que estão levantadas…no Brasil…hoje

Mas não estão sendo levantadas. Já foram julgadas. Isto é matéria julgada. Isso é matéria julgada. Você não está aqui de boa-fé, minha filha. Você não está de boa-fé. Suas perguntas não são de boa-fé. As suas perguntas estão viciadas. Estão eivadas de má von…má-fé. E eu não posso aceitar uma coisa dessa. Eu não posso me dispor a uma situação como essa. Isso tudo já foi, repito, como todos sabem, visto e julgado. O que cês querem mais?


Como é que o senhor vê a possibilidade de a Receita Federal voltar a investigar o senhor, como tem sido…dito…

Mas não há nenhum motivo, nem, nenhum motivo, nenhuma justificativa plausível para que a minha vida seja mais uma vez investigada. São só mentiras que são assacadas. A última mentira veio disfarçada de fonte. Essa mentira vem disfarçada com sotaque. Quantas mentiras mais vão assacar contra mim?

A única esperança que eu tenho e a única, a única coisa em que, graças a Deus, eu me fio, é que verdade não é filha da autoridade. A verdade é filha do tempo.

E nada melhor do que o tempo para desmascarar essas mentiras, desarmar estes circos que são armados como este agora, em relação a este episódio, é..que querem envolver o meu nome.

Tudo isso, naturalmente, cortina de fumaça para toldar o grande escândalo nacional, o mastodôntico escândalo nacional, que é essa questão dos precatórios. Que sucede a outros escândalos, que foram também enterrados, inclusive com a participação de vocês, da imprensa em geral, escândalos mastodônticos como os dos bancos, escândalos como o do Sivam.

Estes é que tem que serem investigados. Eu já fui investigado por 20 gerações. E já não basta? Os adversário continuam querem sevar o seu ódio neste meu padecimento, neste meu sofrimento.

Aonde estão meus direitos de cidadão? De pessoa humana? Eu não posso admitir mais que a Receita Federal, ou seja quem quer que seja, que fique ismicuindo (sic), que fique colocando essa…esse ferrinho de…de dentista, querendo a toda hora e a todo momento criar constrangimentos para a minha vida pessoal, minha vida familiar.

Eu vou buscar os meus direitos na justiça, (bate no peito) mais uma vez . E pra provar que isso nada mais é que uma fantasia, do que tudo isso é mais uma armação que eles estão querendo fazer em relação a mim. E eu não posso aceitar. Me desculpa a veemência e a indignação que toma conta de mim, por isso que eu estou falando assim! [soco na mesa]. Eu não posso aceitar isso. Chega, chega, basta!


Lillian Witte Fibe e Alexandre Garcia encerram o Jornal Nacional.


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